quarta-feira, janeiro 23, 2013

As próximas mentiras do Arturinho


Vamos ouvir os Arturinhos da praça dizer algumas mentiras, mas ninguém vai desconfiar e não faltarão mesmo os jornalistas e directores de jornais como o Diário Económico ou o Jornal de Negócios a exclamar que “O Arturzinho até sabe o que é o mastoideu!”.

1.ª Mentira: Portugal conseguiu adiar o pagamento porque tem sido um caso de sucesso.

O que Portugal pediu foi precisamente aqui que sempre recusou, mais tempo e mais dinheiro. AO adiar o pagamento Portugal pede mais tempo e ao não precisar de repor a dívida findo o seu prazo está a pedir mais dinheiro. O que o Gaspar fez foi conseguir um segundo resgate que corresponde ao prolongamento do prazo.

2.ª Mentira: Portugal livra-se mais cedo da troika.

O governo pediu agora mais tempo para pagar, mas já tinha pedido mais tempo para cumprir as metas do défice. É evidente que tudo isto é apresentado como um prémio da troika mas a verdade é que o governo que sempre recusou mais tempo e mais dinheiro poderia ter recusado a prenda, mas em vez disso aceitou logo a generosidade. É evidente que mais tempo no cumprimento das metas e mais tempo para pagar só pode significar mais tempo para a troika. 

3.ª Mentira: Portugal vai ao mercado graças ao sucesso do ajustamento

Não, Portugal vai ao mercado graças à mudança de política do BCE e ao ambiente de mais confiança nos mercados. A verdade é que um dia antes de Portugal ir aos mercados uma agência de notação manteve a dívida portuguesa no nível do lixo e isso não alterou as taxas de juro. A verdade é que Portugal vai aos mercados um dia depois de a Espanha ter tido sucesso numa operação idêntica e sem que tenha cumprido o défice, sem ter aceite a presença do Salassie e dos seus incompetentes e sem ter aceite todas as ordens da senhora Merkel.

4.ª Mentira: a presença nos mercados é a prova do sucesso no ajustamento.
  
O ajustamento está aquém dos resultados esperados, a economia está à beira de uma crise de nervos, as receitas fiscais colapsaram em 2013, sectores inteiros estão quase falidos, o desemprego continua a aumentar, muitas empresas estão no limite da resistência, as exportações estão a decair, a recessão vai ser muito superior às mentiras orçamentais. Os resultados poderão ser desastrosos nos planos económico, social e  político. De pouco serve ir em muletas ao mercado se depois forem amputadas as pernas ao doente quase terminal que é a economia portuguesa.
Parabéns Arturzinho